Clashing Worlds



Nunca descançar. Esse é o lema. Por mais que tente fugir disso, o destino dá um jeito de me dar uma rasteira e mais uma vez dou de cara com a dolorida verdade. Nunca encontrarei a paz. Nem sei para que quero a paz. Mas sei que estou no limite. Sem perspectiva de futuro, fujo premeditando formas de acabar com meu "sofrimento" mas tudo o que faço é engolir sapos com ajuda de salgadinhos e porcarias, que servem de adorno para meu estado de espírito. Vejo o tempo escapar-se por meus dedos e não consigo levantar-me e lutar. É como se estivesse muito perto da margem, mas tenho preguiça de vencer a maré e chegar na praia, mas sou covarde demais para parar de nadar. Sei que estou cansada. Muito cansada.


"Goooooooooooooooooooooooooooooool.................. É do Ronaaaaldo!................."


Gente, o que se passa neste ônibus? Será mais um daqueles toques de celular completamente questionáveis e desnecessários?

E esboços de sorrisos podem ser vistos em vários dos rostos desconhecidos pelo coletivo.

"E é gooooooooooooooooooooooooooooooooooooool.... Ele passa, dribla, e chuta direto na área........."


O que eram somente quase-sorrisos, viram risos, abertos, largos, sonoros, como se todos estivéssemos numa conversa íntima e alegre, entre velhos e queridos amigos. Aquela conhecida tensão entre desconhecidos que são obrigados a dividir o mesmo espaço foi interrompida, mesmo que momentariamente por um ato infundado e provável fruto de um desequilíbrio de um dos passageiros. Os presentes ganharam rostos, todos ligados pelo mesmo sentimento. Fazíamos parte de um grupo, unido pelo mesmo motivo. Cada um deixou suas loucuras por um momento, para viver o agora e nos reconhecermos como seres humanos. Pergunto-me se o causador de toda aquela comoção imaginava a reação que provocaria. Inclino-me a pensar que ele estava tão preso a si mesmo, que não se deu conta de que um de seus pensamentos escapara-lhe à boca. É estranho pensar que o paradoxo funcionou perfeitamente em mais essa lição da vida. Não acredito em pensamento coletivo, mas procuramos tanto nossa individualidade que por vezes esquecemos que fazemos parte de uma coletividade. Talvez um pouco menos de egoísmo e mais identidade seria o ideal para a existência de uma verdadeira individualidade. Mesmo com toda a contradição carregada no vocábulo "identidade", devemos buscar sempre o balanço. Pelo menos, é o que penso. Fique à vontade para chegar à sua própria conclusão. Eis a beleza de ser.

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