Ópio


Debaixo do luar
A matéria me parece mais leve
Com o peso da noite
Idéias clareiam-se em minha mente
E nada me parece tão impossível assim

Sou tudo, sou nada
Estou dispersa nesse sereno frio e úmido
Uma renovação da alma
Que ao menor sinal de luz solar
Se junta maltrapilha
E unida nada mais posso fazer além de esperar

Saio de casa incompleta
Atrelada à minha vida corpórea
Sorrio, mimosa
Mas a satisfação nunca chega

Quero ser céu e mar
Misturar-me ao horizonte
Perder-me os limites
E voltar a ser imensidão

O universo em mim...

Como serei feliz, limitada como estou
Se me foram mostrados os caminhos para a liberdade etérea?
Que tipo de tortura primária é essa
Onde o ver é ilimitado
Mas o fazer segue outros parâmetros?

Tento furar-me os olhos
Mas não posso
Covarde como sou
Faço de minha liberdade noturna,
Meu martírio, minha dor

Mas ainda assim continuo a viajar
Na esperança de que algum dia
Ultrapasse o limite desta realidade virtual
E permaneça etérea
Dispersa
E enfim, livre...

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